domingo, 1 de maio de 2011

Vamos ser nada?






Você me diz “Oi, tudo bem?”, eu - seca – respondo “tudo”. 

E depois? O que vem depois disso? O que posso te perguntar? O que você quer me contar? Até que ponto posso entrar na sua vida? Porque eu não sei mais nada de você. Não sei onde está trabalhando, que bares está frequentando, com que amigos anda se divertindo, quem está tomando conta do seu coração. Já não sei o que é importante pra você. 

Deixei o tempo envelhecer nossas conversas. E agora, quando você aparece, não consigo decifrar suas palavras, sua demora. Preencho suas reticências com medos e possibilidades pavorososas, produtos de noites insones. Talvez você tenha interpretado errado meu silêncio prolongado, talvez tenha cansado de esperar que eu dissesse mais alguma coisa, qualquer coisa. Talvez tenha simplesmente se ausentado, esquecido. 

Por via das dúvidas permaneço muda, congelada na expectativa irracional de que você me dê uma chance, só mais uma, de te contar que sinto demais a sua falta, e que basta um “Oi, tudo bem?”, pra me aquecer

Mas é claro, se você me chamar, vou te perguntar é sobre o seu dia, o tempo ruim, a correria de sempre… Será que você vai entender que esse é o meu jeito – covarde, medroso – de mostrar que sua amizade é das coisas mais preciosas e raras que tenho?


Catei daqui: Jornal de Poeta

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